A cada dez anos, a revista britânica “Sight & Sound”, em
parceria com o British Film Institute (BFI), reúne opiniões de críticos e
cineastas de todo o mundo para compor um ranking dos melhores filmes de todos
os tempos. Tentativas semelhantes de estabelecer uma eleição dos melhores nacionais já foram feitas por aqui no Brasil, mas nada
muito abrangente ou sistematizado. Pois agora, a Abraccine – Associação Brasileira
de Críticos de Cinema, resolveu fazer sua própria lista. E que lista!
Cada um de seus 100 membros (inclusive este crítico que vos escreve) escolheu seus 25 filmes nacionais preferidos. Os 100 com melhor pontuação (na verdade, os 101, porque houve um empate) entraram no ranking, que será impresso em um livro a ser publicado pela editora Letramento em 2016. Além do Top 101, a publicação trará um texto analítico sobre cada um deles (e, provavelmente, as listas individuais de cada membro da entidade).
A lista é inegavelmente boa – e, no geral, justa. Entre longas, médias, curtas, coproduções, ficções e documentários, o melhor de todos foi um filme mudo, dos anos 30: “Limite” (1931), obra-prima de Mario Peixoto. Como questionar?
"Limite": o melhor de todos |
Há ainda uma infinidade de Glaubers, Nelsons, Babencos e
Reichenbachs. As maiores injustiças? Não tem, por exemplo, nenhum David Neves.
E só um Walter Hugo Khouri. Claro, a meu ver, há algumas aberrações, como as
inclusões do modorrento “Abril Despedaçado” (57º) e os estridentes “Tropa de
Elite” (30º) e “Tropa de Elite 2” (35º). E há filmes do cinema marginal bem melhores
que alguns dos escolhidos.
A minha lista pessoal eu publico por aqui uma outra hora (mas meu top 10 já está neste site, em http://tinyurl.com/p9sgtug). Ao elaborá-la, me senti péssimo por ter que deixar de fora algumas maravilhas tupiniquins, como “Macunaíma”, “Filme Demência”, “A Lira do Delírio” e “Iracema, uma Transa Amazônica”; felizmente para mim, porém, meus colegas não cometeram o mesmo deslize.
Confira aqui o listão da Abraccine:
1. Limite (1931), de Mario
Peixoto
2. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de G. Rocha
3. Vidas
Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos
4. Cabra Marcado para Morrer (1984), de E. Coutinho
5. Terra em
Transe (1967), de Glauber Rocha
6. O
Bandido da Luz Vermelha (1968), de R. Sganzerla
7. São
Paulo S/A (1965), de Luís Sérgio Person
8. Cidade de
Deus (2002), de Fernando Meirelles
9. O Pagador
de Promessas (1962), de Anselmo Duarte
10. Macunaíma (1969), de
Joaquim Pedro de Andrade
11. Central do Brasil (1998),
de Walter Salles
12. Pixote, a Lei do Mais
Fraco (1981), de H. Babenco
13. Ilha das Flores (1989), de
Jorge Furtado
14. Eles Não Usam Black-Tie
(1981), de Leon Hirszman
15. O Som ao Redor (2012), de
Kleber Mendonça Filho
16. Lavoura Arcaica (2001), de
Luiz Fernando Carvalho
17. Jogo de Cena (2007),
de Eduardo Coutinho
18. Bye Bye, Brasil (1979), de
Carlos Diegues
19. Assalto ao Trem Pagador
(1962), de Roberto Farias
20. São Bernardo (1974), de Leon
Hirszman
21. Iracema, uma Transa
Amazônica (1975), de Jorge Bodansky e Orlando Senna
22. Noite Vazia (1964), de
Walter Hugo Khouri
23. Os Fuzis (1964), de Ruy
Guerra
24. Ganga Bruta (1933), de
Humberto Mauro
25. Bang Bang (1971), de
Andrea Tonacci
26. A Hora e a Vez de
Augusto Matraga (1968), de R. Santos
27. Rio, 40 Graus (1955), de
Nelson Pereira dos Santos
28. Edifício Master (2002), de
Eduardo Coutinho
29. Memórias do Cárcere (1984),
de N.P. dos Santos
30. Tropa de Elite (2007),
de José Padilha
31. O Padre e a Moça (1965), de
J.P. de Andrade
32. Serras da Desordem (2006),
de Andrea Tonacci
33. Santiago (2007), de João
Moreira Salles
34. O Dragão da Maldade contra
o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha
35. Tropa de Elite 2 (2010), de José Padilha
36. O Invasor (2002), de Beto
Brant
37. Todas as Mulheres do Mundo
(1967), de D. Oliveira
38. Matou a Família e Foi ao
Cinema (1969), de Julio Bressane
39. Dona Flor e Seus Dois
Maridos (1976), de B. Barreto
40. Os Cafajestes (1962), de
Ruy Guerra
41. O Homem do Sputnik (1959),
de Carlos Manga
42. A Hora da Estrela (1985),
de Suzana Amaral
43. Sem Essa Aranha (1970), de
Rogério Sganzerla
44. SuperOutro (1989), de
Edgard Navarro
45. Filme Demência (1986), de
Carlos Reichenbach
46. À Meia-Noite Levarei Sua
Alma (1964), de José Mojica Marins
47. Terra Estrangeira (1996),
de Walter Salles e Daniela Thomas
48. A Mulher de Todos (1969),
de Rogério Sganzerla
49. Rio, Zona Norte (1957), de
Nelson Pereira dos Santos
50. Alma Corsária (1993), de
Carlos Reichenbach
51. A Margem (1967), de Ozualdo
Candeias
52. Toda Nudez Será Castigada
(1973), de Arnaldo Jabor
53. Madame Satã (2000), de
Karim Ainouz
54. A Falecida (1965), de Leon
Hirzman
55. O Despertar da Besta (1969), de J. Mojica Marins
56. Tudo Bem (1978), de Arnaldo
Jabor (1978)
57. A Idade da Terra (1980), de
Glauber Rocha
58. Abril Despedaçado (2001),
de Walter Salles
59. O Grande Momento
(1958), de Roberto Santos
60. O Lobo Atrás da Porta
(2014), de Fernando Coimbra
61. O Beijo da Mulher-Aranha
(1985), de Hector Babenco
62. O Homem que Virou Suco
(1980), de J.B. de Andrade
63. O Auto da Compadecida
(1999), de Guel Arraes
64. O Cangaceiro (1953), de
Lima Barreto
65. A Lira do Delírio (1978),
de Walter Lima Junior
66. O Caso dos Irmãos Naves
(1967), de L.S. Person
67. Ônibus 174 (2002), de José
Padilha
68. O Anjo Nasceu (1969), de
Julio Bressane
69. Meu Nome é... Tonho (1969),
de Ozualdo Candeias
70. O Céu de Suely (2006), de
Karim Ainouz
71. Que Horas Ela Volta?
(2015), de Anna Muylaert
72. Bicho de Sete Cabeças
(2001), de Laís Bondanzky
73. Tatuagem (2013), de Hilton
Lacerda
74. Estômago (2010), de Marcos
Jorge
75. Cinema, Aspirinas e Urubus
(2005), de Marcelo Gomes
76. Baile Perfumado (1997), de
P. Caldas e L. Ferreira
77. Pra Frente, Brasil (1982),
de Roberto Farias
78. Lúcio Flávio, o Passageiro
da Agonia (1976), de H. Babenco
79. O Viajante (1999), de Paulo
Cezar Saraceni
80. Anjos do Arrabalde
(1987), de Carlos Reichenbach
81. Mar de Rosas (1977), de
Ana Carolina
82. O País de São Saruê (1971),
de Vladimir Carvalho
83. A Marvada Carne (1985), de
André Klotzel
84. Sargento Getúlio (1983), de
Hermano Penna
85. Inocência (1983), de Walter
Lima Jr.
86. Amarelo Manga (2002), de
Cláudio Assis
87. Os Saltimbancos Trapalhões
(1981), de J.B. Tanko
88. Di (1977), de Glauber
Rocha
89. Os Inconfidentes (1972), de
J.P. de Andrade
90. Esta Noite Encarnarei no
Teu Cadáver (1966), de José Mojica Marins
91. Cabaret Mineiro (1980), de
C.A. Prates Correia
92. Chuvas de Verão (1977), de
Carlos Diegues
93. Dois Córregos (1999), de
Carlos Reichenbach
94. Aruanda (1960), de
Linduarte Noronha
95. Carandiru (2003), de Hector
Babenco
96. Blá Blá Blá (1968), de
Andrea Tonacci
97. O Signo do Caos (2003), de
Rogério Sganzerla
98. O Ano em que Meus Pais
Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburger
99. Meteorango Kid, Herói
Intergalactico (1969), de Andre Luis Oliveira
100. Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de
Andrade (*)
101. Bar Esperança, o Último que Fecha (1983), de
Hugo Carvana (*)
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